quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Um mergulho sem volta.




Clarice Lispector nasceu no ano de 1920, na Ucrânia-nem por isso menos brasileira, sendo batizada com o nome de Haia Lispector, Haia significa vida, nome mais que propício para a mulher que transbordou sua obra em existência e preencheu-a com a feminilidade misteriosa de sua alma. Com um pouco mais de um ano de idade, chega ao Brasil. E aqui renasce, a meu ver, a escritora mais sublime da nossa literatura. Quem conhece Clarice, através de suas leituras, com certeza deve ter se perguntado ao menos uma vez "quem é esta mulher?", e um pouco mais tarde, descoberto que não há resposta para tal pergunta. Clarice é sensação, mistério de sentir sem saber, ou até mesmo saber o sentir mas sem saber que o sabe. Essência! Não há explicação, ou se sente Clarice ou não se sente. Comecei a respirar Clarice há pouco, foi amor à primeira leitura, à primeira palavra. Senti como se pudesse sugar cada palavra como um pingo e transbordá-la em oceano. Não é exagero! É uma emoção tão grande, que até o que não entendo eu consigo sentir como se fosse a resposta pra todas as minhas perguntas. Seu primeiro romance "Perto do Coração Selvagem", foi escrito quando ela não tinha mais de desessete anos. Uma linguagem indescrítivel, aconselho a leitura. Mas peço atenção! É um mergulho no estilo clariciano, um mergulho "quase" sem volta. Não há como não se apaixonar. Uma mulher que adimitia ser um mistério pra si mesma, de uma personalidade densa e caleidoscópica, não poderia ser nada menos que "tudo", ou como ela mesma disse "Eu sou mais forte do que eu". Aos amantes do mistério, da beleza e da sinestesia apresento Clarice Lispector.

"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."
"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada."
"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."
"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome."
"E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior que eu mesma, e não me alcanço."
"Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou um o quê? Um quase tudo."

"Sou como você me vê.Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,Depende de quando e como você me vê passar."

Bom, essa é apenas uma pequena parcela da múltipla Clarice. Espero que esse seja apenas um primeiro contato. Pra quem quiser saber um pouco mais é só ir em busca de sua obra. Ou então no site da autora. Boa leitura!

http://www.claricelispector.com.br/Default.aspx

Um comentário:

  1. "Não há explicação, ou se sente Clarice ou não se sente."

    pronto! vc resumiu o post só nesta frase!
    ponto positivo procê, Ka-chan devido a esse post! Frau Lispector é mesmo uma das melhores da literatura nacional!
    parbéns pela idéia!

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Qual o sentido?