Dias conturbados. Me falta muito de mim pra escrever o mínimo que seja, mas mesmo que a minha vida esteja um tanto parada e, simultaneamente, provocando turbilhões dentro de mim, há sempre algo proveitoso nesses dias mal corridos. Coisas nem sempre agradáveis, mas que de uma forma ou de outra se transformam em aprendizado. Como diria meu amigo Gilberto, tudo é motivo para um texto. Então vamos lá.
Já perdi a conta de quantas pessoas, amigos na maioria das vezes, já tentaram me analisar, me definir. Sabe aquele tipo de amigo que sabe (ou acha que sabe) mais da tua vida do que tu mesmo? Pois é, tenho alguns desse tipo. No entanto, a soma de cada um desses rótulos talvez chegue ao nada de mim: meus todos. Ou talvez ao tudo de mim: um nadica de nada. Ou, talvez, as duas coisas. A verdade é que não sou muito fã de definições, mas entendo meus amigos, nem sempre concordo com eles, mas os entendo. As vezes eles me veem como se eu fosse um espelho e não percebem isso, mas minha “lourice” não é tão burra quanto julga O pensador. É fácil perceber os outros e nem sempre a nós mesmos, por isso rotulamos o que e quem vemos para, no fundo, definir a nós mesmos. Mas essa semana foi diferente: alguém me surpreendeu.
No momento que eu menos esperava, em que meu estado de espírito estava tão sem espírito, num dia de ressaca por causa de uma decepção. Eu estava com a cabeça longe, pensativa, triste, enfim. Eis que ouço a coisa mais sensata e fielmente triste a mim que já tinha ouvido até então. O nome da descobridora – sim porque eu me senti descoberta, desmascarada – é Nathália, uma amiga sempre presente na minha vida, pessoa que já teve tempo suficiente pra me conhecer e/ou desconhecer, que já presenciou as minhas várias faces lunares. É porque eu sou de lua, mas quem não é? Ela, numa simples frase, falou mais de mim do que havia falado nesses quase quatro anos de amizade.
Estávamos sentadas na lanchonete da Unama, caladas, sem assunto, só pra passar o tempo mesmo. Ai passa uma menina com o cabelo rastafári e eu, talvez só pra quebrar o silêncio, falo:
- Um dia eu ainda faço isso no meu cabelo. Um dia...
Ela me olha e com cara de tédio e me responde, simplesmente:
- Ai ai Karina! Tu vives da ausência dos teus desejos.
E eu, só pra não dar moral, respondo:
- Talvez...
Voltamos ao silêncio, ao menos aparentemente, porque aquela frase ficou gritando dentro de mim.
Tu vives da ausência dos teus desejos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Por que ela tinha que dizer isso? Por que?! E por que eu ainda não tinha percebido isso? Por que?!
Mas eu tive que dar meu braço a torcer, mas claro! sem dar muita moral. Ai, depois de uns cinco minutos, olho pra ela e digo:
- Sabe Nathália, essa foi a coisa mais inteligente que tu já disseste sobre mim.
E ela, com aquele sorriso angelical de sempre, me diz:
- É que eu ando lendo Clarice.
(Clarice... As vezes chego até a confundir as existências.)
Aquilo ficou na minha cabeça. Aquela simples frase mexeu comigo e não foi por acaso.
Tu vives da ausência dos teus desejos.
EUREKA!!!
EUREKA!!!
EUREKA!!!
É verdade. É triste admitir, mas o que a Nathália falou é a mais pura verdade. Eu já nem sei mesmo o que eu desejo de verdade, se é que há algum desejo em mim. Não sei se eu tenho sonhos, ambições. Se tudo que digo que quero é o que eu realmente quero. Já não sei.
Será que eu vivo, como a Nathália disse, da ausência dos meus desejos ou da invenção dos meus desejos? Já não sei mais de nada. E quer saber? Já não quero nem saber!
Nem sei porque eu to escrevendo sobre isso. Talvez eu preencha essas ausências inventando textos. Talvez...
Eita! Já to viajando! (pra variar!)
Bom...Já chega desse papo, porque isso já ta parecendo coisa de EMO.
Esse post vai pra minha amiga que lê Clarice: Nathália FREUD Fonteles. rsrsrs
São essas coisas que me fazem pensar:
Como é bom ter amigos inteligentes!
:P
Eu não te analiso, po%$@!!! ¬¬
ResponderExcluirHeheheheehehe
XD
Sei lá, senti como se fosse comigo, mesmo que não seja, o que provavelmente é, entendeu?! ¬¬²